terça-feira, 31 de julho de 2012

XII

Os caminhos do ka muitas vezes não são claros, porém, é uma tremenda insanidade agir como se nenhuma força invisível trilhasse nosso destino e ir constantemente contra aquilo para o que fomos designados. Há pouco mais de um ano eu relia Mago e Vidro, aguardando ansiosamente por ganhar o sétimo e derradeiro volume d’A Torre. Este livro, o quarto volume, me fez rir e sorrir linha após linha, principalmente nos momentos em que a fala pertencia ao adorável Cuthbert Allgood. Neste período, meu amor platônico me levou a esboçar uma história na qual haveria uma garota – uma garota pistoleira – que hipoteticamente começaria um romance com o garoto. Não venham me falar sobre spoiler! Quem nunca imaginou que Merry Smithson poderia terminar junto com Cuthbert? E tem mais, eu realmente não sei se eles ficarão juntos! A história não está tão completa assim. Acho que isso é algo inerente a este universo; sintonizo minhas antenas na ves-ka Gan FM e somente permito que meus dedos deem voz ao que minha mente capta.
Sem mais delongas, peço a atenção de vocês neste momento, pois agora, um ano e três dias após esta fan fic ter início, eu lhes trago o capítulo final deste primeiro livro. Infelizmente, eu não sei se continuarei a história futuramente pois, como foi dito no início, as intenções do ka não devem ser contrariados.
Eu tenho o segundo semestre do meu TFG de Arquitetura e Urbanismo (é verdade) e estou com uma banda de som autoral, na qual devo tocar guitarra como sempre e cantar (como nunca). Começarei a correr atrás dos tramites para publicar o meu livro, também, o que talvez me ocupe um bom tempo quando acontecer.
Nesta curta estrada de um ano (mas com um valor sem tamanho para mim) passei por diversas cidades, me envolvi em diversos tiroteios, matei um monte de vagos mutantes e conheci habitantes das mais diversas cidades do Arco Exterior. Tive a honra de ter minha fan fic publicada pelo Projeto 19 e pelo Stephen King BR. Foi por causa da fan fic que eu ganhei a primeira edição do oitavo volume da série, The Wind Through the Keyhole!
Tem sido um caminho repleto de obstáculos mas muito gratificante. Pode parecer babaquice tudo o que estou dizendo, mas escrever sobre A Torre completa o que eu quis dizer neste post, Estranhamente Familiar, em meu Blog pessoal (que também encerro hoje).
O ka me levou até uma bifurcação na estrada e, agora, devo fazer uma escolha e seguir adiante. É possível que daqui algumas milhas os caminhos voltem a se cruzar e eu retome as linhas da vida turbulenta de Merry Allice Smithson mas, infelizmente, hoje eu lhes trago o último post.
Obrigada pela companhia. Foi um prazer e uma honra. Ié, assim é. Vou tomar mais uma graf e retomar o caminho enquanto o sol se põe e as sombras se esticam pelo chão.

Longos dias e belas noites.

O Último Dia em Nova Canaã

- Venha cá, gusana. – Escutou a voz de Cort, assim que abriu a porta da casa para entrar.
- Cort? – Perguntou. – Onde está? – Estava tudo escuro, sem velas ou lampiões, e ela não sabia de onde a voz lhe chamava.
- Estou aqui, no seu quarto.
Ela se dirigiu até o quarto no qual passara tantas noites após os longos dias de treinamento, e encontrou Cort sentado na cama de Aileen. Só que a garota não estava lá. Um brilho de lua cheia entrava pela janela quadrada e alta e pelos vãos entre as tábuas transformando o chão em uma obra de arte abstrata.
- Sente-se. – Pediu ele, em voz baixa. – Preciso conversar com você.
 - Onde está Aileen? – Perguntou ela, sentando-se em sua própria cama, de frente para o homem grande e cheio de cicatrizes. Estava com uma aparência horrível, como se tivesse acabado de voltar de uma batalha.
Logo a compreensão se fez em sua mente, e ela le lembrou de sua derrota para Roland Deschain, mais cedo.
- Mandei que saísse. Preciso falar com você. Assunto sério.
Merry somente o encarou.
- Como deve saber, Roland passou no teste. – Começou. – É um pistoleiro, agora.
 Ela assentiu. E o velho homem prosseguiu.
 - Mas se expôs de forma perigosa. – Ele parou por um momento. – Não entrarei em detalhes com você, mas Steven quer manda-lo para longe de Gilead. E de Marten. E pretende mandar os gusanos, também. Cuthbert e Alain.
- Para onde eles vão? – Perguntou ela, sentindo a parte de trás de seus olhos começarem a queimar e suas cordas vocais darem um nó.
- Vão para Hambry, no baronato de Mejis.
- Que diabos de lugar é esse? – Empertigou-se Merry, em uma inconsciente porém genial imitação de Cort.
- É uma cidade próxima do mar, que se diz fiel à confederação. Pelo que dizem, John Farson ainda não chegou por lá.
- O Homem bom.
- O Homem Bom. – Repetiu Cort. – Steven tem um plano para vocês. Mas contará com mais precisão amanhã pela manhã.
- Um momento, Cort. – Interrompe ela. – O Dihn tem um plano para nós? Como assim?
- Desculpe, não lhe expliquei direito. – Redimiu-se ele. – Irão os quatro. Roland, Cuthbert, Alain e você.
- Mas como...? Por quê?
- Veja, os desígnios de Steven Deschain vão mais além do que você compreende agora. – Explicou. – Além de tirar o filho da mira de Marten, o Dihn pretende realizar um trabalho de sondagem, se é que me entende. E é bom que todos da comitiva tenham o mínimo de preparo.
Merry Smitson ergueu-se e arregalou os olhos, tentando esconder um sorriso repleto de excitação.
- Tecnicamente podemos ter problemas, então...?
Cort assentiu.
- Não me faça questionar a decisão de mandá-la junto. Você foi treinada para estar sempre pronta para problemas, ou não?
- Sim. Sim, sai. – Respondeu, meio envergonhada. – Me perdoe, somente... Acho que me empolguei.
- Não se esqueça, a empolgação leva os tolos para a morte. – Disse o homem. – Olhos e mente de pistoleiro. Frieza em primeiro plano. Enxergue tudo o que puder com clareza e atire depois. Quero que volte viva.
Merry assentiu.
Houve um momento de silêncio.
- Tem algo a saber, ainda. – Recomeçou Cort.
A garota encarou-o novamente.
- Quando você chegou aqui, dentro de uma cesta, relutei em aceita-la. – Começou. – Ninguém a quis, e acabei decidindo por leva-la até Debaria, uma cidade onde seria criada como religiosa, e teria uma vida segura.
- E o que o impediu? – Questionou Merry, erguendo ligeiramente o queixo como se desafiasse o velho treinador.
- Seu sobrenome. Eu devo lhe contar. Esta é a hora. – Respondeu, fingindo que não enxergara a petulância da garota. – Veio escrito em um papel junto à cesta

Merry Allice Smithson 

e eu pensei incessantemente para lembrar onde havia ouvido o nome Smithson.
“O seu nome, Merry, pertenceu a um nobre cavaleiro que cavalgou ao lado de Arthur Eld. Morreu sem herdeiros. Relatos contam como sue sangue se perdeu mas, na minha opinião, por alguma parentela remota, ele ainda corre em suas veias.”
“Se assim for, você e Roland se equiparam.”
Ela arregalou ainda mais os olhos amendoados.
- Como pode ter certeza? – Balbuciou.
- Não tenho. – Respondeu Cort, desconcertado. – A verdade é que nunca saberá. Mas não fica muita dúvida, se pensar no ka lhe trazendo à minha porta. E se lembrar de como você atira.
“Agora vá embora. Vá encontrar sue irmão e ver o que fará nos próximo dias.”
- Sim, Cort. – Ela levantou-se. – Longos dias e belas noites.
- Tudo em dobro, gusana. Tudo em dobro.

...

Àquela manhã levantou-se antes mesmo que o sol desse as casas por cima da borda do horizonte. Assim como Roland há mais ou menos dois dias na cama da puta, aquele fora o último sono tranquilo de sua vida. E o mesmo para seus colegas e seu irmão. 
Só que eles não sabiam.
E, como a expectativa tem um efeito nos jovens semelhante à uma droga alucinógena, ela mal podia esperar para iniciar a “missão”. Na verdade acreditava mais que era uma tarefa para manter o focinho deles longe de confusões mas, mesmo assim, era excitante passar algum tempo longe de casa.
Toda a bagagem feita, Blacksmith celado e carregado, seus revólveres escondidos sob mantas na cela, e a luz que começava a surgir no horizonte. Era hora de partir.
Cuthbert estava chegando, e ela o viu, vestido com uma camisa marrom com a caveirinha de pássaro que carinhosamente chamaram de vigia. O brilho da expectativa nos olhos o deixava ainda mais... Mais... Mais o quê? O que Cuthbert era, para ela? Não se permitiu saber, mas poderia abraça-lo naquele momento.
Roland também já estava lá. E Steven. Kate Johns ao lado de Christopher, aparentemente a única mulher no grupo, além de Merry Allice. E Robert Allgood, que chegara há pouco com seu filho inquieto.
“- Cuthbert, que diabos é isso no sue pescoço? Parece uma caveira de corvo. – Estranhou o Dihn, Steven.”
“- Acertou, sai Deschain. – Respondeu Bert. - Eu o chamo de vigia. É meu melhor amigo, tirando Roland e Alain.” (HQ-Nasce o Pistoleiro, SUMA de Letras.)”
Merry sentiu-se meio mal sendo tirada da lista de “melhores” amigos de Bert, mas o colega lhe lançou um olhar de cumplicidade acerca do novo amigo esquelético que a fez varrer tais pensamentos de sua mente.
“- Robert, seu filho é... – Continuou o pistoleiro alto de tradicionais bigodes compridos. - Singular.”
“- E graças aDeus, Steven. – Respondeu Robert, realmente aliviado. – Se existisse mais de um dele, eu ia querer atirar nos dois.”
“- Por falar em atirar, rapazes, – prosseguiu Steven, incluindo Merry à lista, - é melhor esconderem as armas em suas mantas de dormir. Bem poucos andam armados no Mundo Médio hoje em dia... E vocês não vão querer se denunciar.”
“Decorem seus novos nomes destes documentos pessoais falsos. Não chamem um ao outro pelos nomes verdadeiros a não ser na certeza de estarem sós.”
Steven Deschain foi repassando o plano, detalhe por detalhe e, quando terminou, o dia já estava claro o suficiente para que os garotos não aguentasse mais esperar pela partida.
Merry Deu um abraço em seus pais. Já havia se despedido de Cort antes mas não encontrara Aileen. Queria que a amiga lhe desejasse sorte. E queria dizer que gostaria que ela fosse junto.
Blacksmith, Buckskin, Glue Boy e Rusher foram montados por seus respectivos donos, que iniciaram animadamente a viagem até a cidade de Hambry, no Baronato de Mejis, cavalgando pelo ar fresco da manhã, sem a consciência de entravam no mundo pela primeira vez em suas vidas e dali em até o fim de seus dias

como pistoleiros.

quarta-feira, 27 de junho de 2012

XI


Todos grandes dias começam com manhãs, sejam elas grandes ou tranqüilas. Neste caso a manhã era comum. Era uma como outra qualquer. De sol. Em uma Gilead verdejante, de brisa fresca e aromas lúdicos.
Conforme o grande cavalo negro de pelo brilhante a quem nomeara Blacksmith se aproximava do curso d’água, o cheiro de terra molhada invadia suas narinas e ela vibrava de expectativa, sem saber o motivo. Apeou da montaria pousando com leveza no chão úmido e fofo e foi lavar o suor do rosto vermelho de calor.
Talvez fosse o toque, aquele comichão que Alain tinha muito e Cuthbert não tinha nem um pouco e que nela nunca se manifestara, mas algo lhe causava tremores de ansiedade. Estava ficando irritada já, porém, pelo menos naquela dia naquele dia tinha um motivo. Tivera uma discussão com Cort, pois este queria mandá-la ao gramado com os garotos para mais uma exibição infernal de tiro e ela disse não.
De certa forma, a culpa era dele que estivesse naquela situação. Ela contou o que Cuthbert fazia e aquilo acabou por enfurecê-lo, disse-lhe que nunca mais queria voltar a atirar ou saber de pistoleiros. E que, assim que pudesse, deixaria as aulas de Vannay.
Sem que ela soubesse, naquele exato momento, Cort descontava sua irritação sobre os garotos em mais uma enfadonha aula de falcoaria, na qual costumeiramente Roland Deschain se sobressaía entre Cuthbert Allgood, Alain Johns, Jamie DeCurry, Thomas Withman e os outros garotos cujos nomes dos pais não importavam.
Olhou-se no reflexo tremido da água corrente do riacho e ficou lá, ajoelhada por muito tempo.
- Maldito Cuthbert. – Disse em voz alta, pois seus ouvidos queriam escutar o som deste nome saído de seus lábios. Sentia raiva dele por tudo ainda, mas a culpa não era dele. – Maldito Ka. Maldito mil vezes!
Blacksmith andara e começara a beber água ao seu lado. Quando seus joelhos se cansaram de suportá-la, levantou-se e jogou o chapéu sobre os cabelos novamente, com um muxoxo de descontentamento. Era uma pessoa alegre, porém melancólica. Natureza dramática.
Quando acabara de se esfriar e tomar coragem necessária para encarar a viajem de volta sob o sol a pino, avistou algo estranho no chão, algo que a deixou curiosa e a fez caminhar em sua direção para ver o que era.
Estava caído no chão, meio amarelada e suja de terra, mas inteirinha e sem nenhuma rachadura, uma caveira de um pássaro de tamanho médio, que deduziu ter pertencido a um corvo.
Parecia viva, ainda.
- Oi? – Cumprimentou a garota, mas logo percebeu o que estava fazendo. – Que idiota. Fique aí. Adeus.
Arremessou a caveira de corvo no chão e virou-se para Blackmith, mas parou na metade do caminho, virando novamente e encarando a caveira por um longo tempo.
- Você está me vigiando, é isso? – Inquiriu ela, como se o crânio de órbitas vazias a intimidasse. – Quer ir comigo? Está bem, então. Você venceu.
Merry apanhou novamente a caveira, espanando a terra e prendeu-a a uma corrente que tinha no pescoço e colocou de volta. Ficou engraçado, mas era a melhor forma de levar o inusitado amuleto junto com ela.
Montou em Blacksmith. Partiu de volta.

...

No final, acabou descobrindo que tinha mais motivos do que imaginara.Retornou a um galope médio, com o cabelo e o chapéu sendo jogados para trás, e o vento gelando as bochechas. Andara muito aquele dia, passara horas retornando, com o comichão/toque em sua mente, ouvidos e estômago.

...

- Roland desafiou Cort. – Alain estava com a tradicional expressão de quem não sabia que expressão usar.- Roland o quê?! – Exclamou assim que seu irmão encontrou-a, ainda montada, a meio caminho do arsenal e dos estábulos.
- Eu não quero nem saber o que acontec...
- Ele tomou o cajado, Merry. – Interrompeu-a Alain, sussurrando assombrado, sorrindo meio trêmulo. – Ele conseguiu. Ele... Ele é um pistoleiro.
- Eu não acredito... – Merry balbuciou, pois a voz lhe faltava naquele momento. – Quando foi isso?
Alain pensou.
- Há mais ou menos uma hora, está enterrando David.
- O falcão...?
- Ele mesmo. – Assentiu o irmão. – Usou-o de arma. Ele é completamente maluco, na verdade. Um maluco com sorte.
Ela assentiu e não disse mais nada. Desmontou Blacksmith e caminhou lentamente até os estábulos, pensando no que acabara de ouvir de Alain. Roland era um pistoleiro. Logo mais Cuthbert, seu irmão, Aileen casaria... E ela sobraria lá, para seguir adiante com o mundo que já estava seguindo lentamente, sem que percebesse.
Quando Blacksmith se pôs a beber água, sentiu pena do animal bonito de pelo escuro e brilhante que tinha a sua frente. Cavalgara o dia inteirinho, pois já anoitecia. Estava suado e marcado da cela.
Pegou a escovinha e alisou sua pelagem, quando ouviu passos e olhou além do cavalo para ver quem se aproximava. Não pensou duas vezes antes de desatar a falar.
- Que diabos Roland fez hoje?!
- Pois é. – Respondeu o amigo. - Eu sempre achei ele meio estranho, mas hoje ele provou ser completamente retardado, é o que eu digo. Ele merecia os revólveres só pela cara-de-pau que teve ao desafiar Cort dois anos antes do que o próprio pai.
- Onde ele está, agora? – Perguntou Merry.
- Na Cidade baixa, onde mais? – Respondeu Cuthbert, visivelmente desgostoso, apesar de tentar esconder os sentimentos. – Deve estar usando a arma que fica guardada nas calças a maior parte do tempo.
Merry riu, parando de escovar os pelos de Blacksmith e encarando Bert.
- Você está com ciúmes dele, não está? – Perguntou, delicadamente, como era seu jeito.
Ela havia se aproximado mais e encarava-o de frente. Ele não saberia mentir, ainda mais naquela situação.
- Um pouco. – Parecia encabulado, corando um pouco. – Virou homem de todas as formas possíveis.
- Calma.
- Ajudei ele com David. Ele disse que é normal... Com mais responsabilidades... Sei lá. Não entendo. Acho que preciso me tornar um pistoleiro para saber como é.
- Mas logo chegará a sua vez, Bert. – Disse a amiga, meio sem graça também. Odiou-se por dentro. Maldito instinto feminino de cuidar. – Ainda é cedo, Roland se precipitou... Logo também carregará os revólveres.
Isso pareceu perturbá-lo ainda mais.
- Posso não ter a mesma sorte, e ser mandado para Oeste. – Respondeu.
- E você acha que é sorte, Cuthbert? – Merry irritou-se um pouquinho. – Se é sorte, você pode ficar em sua cama dormindo ao invés de freqüentar as aulas e os treinamentos. Claro, existe o ka mas, a não ser que seja um completo vagabundo, não está aqui por acaso. Tem sangue de pistoleiro, não é como eu que...
Calou-se. E ele sabia muito bem o que ela ia dizer a seguir, o que o deixou muito envergonhado, pois era parte de tudo o que ele mesmo já dissera. Ainda bem que anoitecia, e tudo ficava revestido por uma sombra rala que camuflou o rosado de suas bochechas.
- Vou indo... Estou cansada.
- Eu também. Foi um dia bastante estranho.
Merry fechou a portinha da baia de seu cavalo e saiu do estábulo com Cuthbert caminhando ao seu lado, em silêncio, como por milagre.
- O que é esta coisa aí que fica me olhando? – Perguntou ele, com o tom de voz do Bert de sempre.
Merry olhou para baixo e até se assustou em ver que ainda carregava a caveira de corvo pendurada no pescoço.
- Estava me vigiando hoje de tarde durante o meu passeio, e não deixou que eu voltasse sem ele. Então o trouxe.
Cuthbert, que compreenderia perfeitamente qualquer coisa fora do normal, deu risada com gosto e assentiu.
- Será o vigia, então! – Anunciou.
- Olha, eu não pretendia dar nome a ele, mas... Já que você fez isso por mim, que seja o vigia, então. Por mim está bom. Ou melhor:
Ela parou de caminhar, e retirou o vigia do pescoço.
-Tome. – Disse, colocando a corrente de ouro envelhecida em torno do pescoço do amigo. – Fique com ele para você. Muitas coisas estranhas estão acontecendo... Acho que... Acho que será bom.
- Perfeito! – Exclamou Bert. E ela teve vontade de esbofeteá-lo por ser tão bobo. – Eu e o vigia a manteremos informada do que vier a acontecer.
- Ah, tudo bem. – Concordou, sentindo-se uma completa idiota, mas com a noção de que fora ela mesma quem começara a história. – Obrigada.
Então ela se aproximou da caveira e disse algo inaudível, que deixou Cuthbert curioso.
- O que disse a ele? – Perguntou.
- Pedi que ficasse de olho em você. – Ela pensou um pouco antes de continuar. – O resto, não importa.
- Ele me contará, depois.
- Vamos ver.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

X

- Eu não sei o que fazer. – Disse Aileen.
- Por quê? Perguntou Merry, sem tirar os olhos do livro que estava lendo.
- Roland.
Merry encarou a amiga. Era de noite, estavam as duas conversando à porta da casa de Cort.
- Como?
Aileen ficou extremamente envergonhada.
- Eu gosto dele.
Agora elas tinham aproximadamente quatorze anos, e já estavam saindo da idade em que homens e mulheres são inimigos por natureza.
- Nossa, isso é realmente estranho, para mim. – Disse Merry, pensando em voz alta. A única pergunta que conseguiu fazer foi: - Por quê?
Aileen ficou pensando, olhando para a amiga, mas sem de fato enxergá-la.
- Não sei...
- Realmente. Você gosta de um garoto que não fala.
- Eu sei, Merry, mas acho que é por isso mesmo.
- Complicado... E o que você pensa em fazer?
A garota dos cabelos escuros recostou-se à parede e apoiou os braços sobre os joelhos.
- Falar com ele não adianta.
- Ele vai rir. – Disse Merry, como se fosse óbvio. – Ou talvez não. Não sei se ele faz isso.
- Isso o que?
- Rir.
- Ah, cale-se, Merry. – Pediu Aileen, rindo, sem imaginar o tipo de homem que aquele garoto calado, de olhos azuis e assassinos, viria a se tornar.
- Olhe, não sei se isso é muito útil, - disse Merry Allice, assumindo a expressão alegre que lhe era mais natural. – Mas vocês vão casar, um dia, não vão?
- Não sei... Não sei... – Disse Aileen, visivelmente confusa, meio rindo, meio desconcertada. – Eu não sei. Não sei o que vai acontecer comigo. Não sei o que é. Não sei o que eu quero.
A este ponto, Merry fechou o livro, e pensou. Realmente não sabia o que dizer à amiga. Também nunca tinha passado por uma situação como aquela.
- Não sei, Aileen. – Respondeu, como que se desculpando. – Por que não tenta ficar mais amiga dele?
- Não dá. Não dá nem para imaginar o que ele está pensando. Ele é muito estranho. Meio frio.
- Não dá. Não dá nem para imaginar o que ele está pensando. Ele é muito estranho. Meio frio.
Merry, que não esperava este assunto, soltou inocentemente um pensamento.
- Ah, Aileen! Pelo menos ele não fala! Veja Cuthbert, sua maior diversão é me irritar.
- Ah, então quer dizer que... – A esta altura, Aileen já se pusera de pé e ria abertamente.
- Não, não é isso! Que horror, Aileen! Não! – Defendeu-se, já imaginando o que a amiga pensava. Mas ria junto, no entanto. – Como pode pensar nisso?
- Só pela associação que você fez agora. – Respondeu Aileen. – Acho que começamos a conversar.
- Você está me deixando com raiva. – Disse Merry, como se fosse natural.
A amiga riu.
- Só por que você se entregou e eu percebi?
- Não me entreguei, nada, porra. – Retrucou. – Por que está fazendo isso?
- Merry, nunca soube como dizer, mas eu sempre desconfiei...
- Desconfiou do quê?
- Que você, e Bert...
- Cale-se. Não há nada, pelo amor dos deuses. Nada. – Continuaria se defendendo até o fim, era justo. – Como eu poderia ter algum sentimento mais além por alguém que tem inveja do meu sucesso? Quando eu me dou bem? Quando Cort me elogia? Quando eu atiro melhor? Até a amizade se torna difícil, assim.
- Eu não sabia disso. – Diante dessas revelações, Aileen parecia sem-graça. – Desculpe, mas eu não sabia que ele agia assim com você.
- Sempre, Aileen... Sempre. – Merry, que nunca se abria para ninguém, começou a contar. – Desde antes de você chegar. Ele passou meses sem me olhar na cara por que eu acertei um tiro vendada.
- Vendada? – Espantou-se a amiga.
- Sim. – Confirmou, dando um sorrisinho pretensioso. – Na frente dos garotos. E de Roland, também. E de Alain, e de Jamie e de Thomas. Ele ficou sem falar comigo por muito tempo. Alain disse que era ciúme. Talvez esteja certo. Ele é bom no toque.
“Hoje eu falo com ele normalmente, mas é difícil. Nunca nos relacionamos muito. Sempre que começávamos a nos aproximar, ele mudava a forma de me tratar e voltávamos ao ponto anterior.”
“Agora eu não quero mais nem saber.”
- E o que ele faz? – Aileen parecia curiosa, e aproveitava a fase prolixa da amiga, que nunca contava muito de si própria para ninguém.
- Ah, sempre faz brincadeiras a respeito de eu atirar, e assistir às aulas de Vannay junto com eles. Diz que eu não preciso saber do Eld, nem de Ka, nem de nada. – Merry começou a listar. – Que eu nunca vou ter os revólveres, por que eu sou mulher, e nunca vou me casar. Ele sempre brinca, daquele jeito idiota dele, mas não faz idéia do quanto eu fico mal com estas coisas! E parece que alguns minutos depois já passou, que ele simplesmente esqueceu tudo o que disse! Maldito seja! - A este ponto Merry estava vermelha e segurava o choro. - Uma vez... Não faz tempo. Ele disse a pior coisa que eu já ouvi.
- E o que era?

...

Lembrava-se perfeitamente da cena. Estava parada sozinha no gramado, olhava para os mesmos velhos crânios de búfalo, e inspirava os mesmos velhos aromas, dos quais sentiria muita falta num futuro não muito distante. E o som do vento. O som do vento balançando o capim alto e de gosto adocicado. Aquilo tudo era uma vida maravilhosa. Todas as cores brilhavam de expectativa, pelas lentes de uma idade onde a expectativa está sempre latente, como uma dor de dente ou enxaqueca.
Usava uma roupa um pouco engraçada. Era um vestido simples, bege claro, sem muitos adornos e rendas, à altura dos joelhos. Prendera um cinto fino ao redor dos quadris que começavam a ser moldados pela puberdade, de onde pendiam os coldres das armas de treinamento. Ela havia achatado os cabelos sob um chapéu de abas largas e um pouco grande para o diâmetro de sua cabeça. Estava muito sol, mas além disso, realmente gostava de usá-lo. Achava de alguma forma sexy, mesmo que em sua idade aquilo não tivesse significado nenhum nem mesmo para ela.
Repetia mentalmente a lição, em um loop eterno: “Eu não miro com a mão. Eu não atiro coma mão.” De olhos fechados, tentando utilizar toda a extensão de cada um dos sentidos, abriu os lábios e, na hora que começou a dar forma às palavras, uma voz de garoto falou às suas costas.
- Vai atirar no escuro outra vez?
Virou-se. Era Cuthbert.
- Sim. – Respondeu, voltando a atenção ao alvo. – Quer ver outra vez, para ver se aprende?
- Isso está errado. – Disse ele. – Não entendo.
- O que você não entende, Cuthbert?
- Não me leve a mal, mas não sei por que você está aqui, sério. – Ele falava sinceramente.
- Estou treinando minha pontaria. – Respondeu.
- Eu sei. Mas por quê? – Insistiu. – Por que você tem que aprender isso?
- Você vai começar com isso outra vez, Bert? – Merry já se irritava. – Eu também não sei o que eu faço aqui. Mas eu tenho que fazê-lo.
- E como você sabe?
- Não sei como eu sei. - Retrucou, prontamente. – Mas acho que você não tem prestado atenção ao que Vannay diz. Existem coisas que devemos fazer. E essa é uma das que eu devo fazer. Me desculpe se incomoda você.
- Ah, sim. Entendo. – Respondeu o garoto, no tom jovial que sempre usava. – Você está falando do Ka, então.
- É, talvez esteja... Pode ser isso. – Merry pensou. A conversa estava realmente agradável. A presença de Cuthbert era algo que a agradava muito. E a expectativa era que, se ele compreendesse de uma vez por todas, nunca mais pegaria no seu pé. Doce ilusão. – E eu não tenho escolha. Cort me ensina, eu aprendo. O que posso fazer? Não me dedicar seria como esquecer a face de meu pai.
Cuthbert soltou uma risada pelo nariz e disse a pior – talvez a segunda pior – coisa que Merry Allice Smithson já ouviu em toda sua vida.
- E como você poderia esquecer, se não tem nenhum pai para recordar a face?
Não soube quanto tempo ficou encarando o garoto. Tentando, talvez, imaginar como uma coisa daquelas saía dos lábios de uma pessoa que se dizia sua amiga. Como uma coisa daquela saía dos lábios de uma pessoa aparentemente tão... Tão...
Tão doce.
Antes de dizer alguma coisa, Merry assumiu uma postura de movimentos adultos, levou a mão esquerda ao lado direito do cinto e puxou o revólver com um movimento rápido e aberto, e acertou o lado do rosto do amigo com o cabo.
Cuthbert caiu para trás, mais de surpresa do que de dor, e encarou Merry por baixo quando sua sombra se espalhou sobre ele. Com um gesto natural e um pouco cômico pela seriedade que aquilo tinha envolvendo crianças, ela empurrou a aba do chapéu para trás, deixando a franja meio curta aparecer, e apontou a arma em direção ao garoto.
- Por que fala assim comigo? – Perguntou, com a voz irritada. Levaria ainda algum tempo para que adquirisse o tom sem expressão dos que detém plenamente o controle das situações. – Você diz que é meu amigo, mas não fala assim com ninguém mais. O problema é comigo, Cuthbert? Não precisa mais falar comigo, se quiser. Não precisa nem respirar mais o mesmo ar que eu. Vou pedir a Cort que nunca mais me mande para cá atirar com vocês, e para nunca mais ir às aulas de Vannay.
“E, quanto a isso que acabou de me dizer. Saiba que eu posso escolher entre a face de Christopher Johns ou de Cort, ou até mesmo da porra do Smithson que eu não sei quem é. Mas eu faço questão de lembrar. E você – ela entoou as próximas palavras com nítido desprezo, - você parece fazer questão de esquecer a do seu.”
“Acho que você devia ir pra casa e olhar bem para ele para ver se você lembra. Seu imprestável. E suma da minha frente antes que eu atire.”
Com uma expressão indefinível, que com mais traquejo de vida Merry saberia reconhecer como vergonha, o garoto levantou e a encarou. Algo em seus olhos castanhos tinha um pedido silencioso de desculpas, que a deixou com pena.
Chegou a abrir a boca para dizer algo, mas não conseguiu. Cuthbert virou-se a abandonou o local, andando lentamente e com os ombros levemente curvados. Aquele não era o Bert de sempre. Era um Bert triste, envergonhado. Sentiu pena.
Antes que o amigo saísse de seu campo de visão, jogou o revólver no chão e sentou-se na grama alta, com as pernas cruzadas, e começou a chorar soluçando alto.

...

- Que coisa horrível!
- Pois é. O que se faz depois disso?
Aileen encarou-a.
-Ka. – Finalizou Merry Allice. – Deixo por conta. O que tiver de ser, vai ser. Depois disso acho que Bert enfim enxergou que estava agindo de maneira errada comigo, e me trata como a qualquer outra pessoa.
“Então que fique claro que eu não tenho nada a ver com ele, ok?”
Aileen assentiu.
- Se você diz.

...

Deixar por conta. Os seres mais inteligentes vivem suas vidas cientes de que estão à mercê da grande roda. Nem mesmo o mais forte objetivo sobrevive à força do Ka, quanto mais ela, que não tinha objetivo algum, nem mesmo o de derrubar Cort e apanhar o bastão dali alguns anos.
Só que o jogo estava chegando ao ponto onde todos os peões, inclusive ela, começariam a jogar.

segunda-feira, 14 de maio de 2012

IX

- Merry, esta é Aileen. – Cort apresentou. Ao entrar na residência do homemtreinador, se viu parada diante de uma garota de sua estatura, muito magra, com cabelos escuros e cheios cortados à altura dos ombros e olhos pequenos. – Minha sobrinha, que vai morar comigo, de hoje em diante.
- Merry Allice, prazer. – Ela cumprimentou sorrindo, mas na verdade estava com ciúmes.
- Vou ensiná-la o mesmo que a você. – Disse Cort. – E você deverá ajudá-la.
- Ela vai ser uma pistoleira, também? – Questionou, com uma voz inconscientemente inconformada.
A garota de cabelos pretos ergueu os olhos e encarou-a com intensidade quando a palavra pistoleira soou pelo aposento.
- Não vai, não. – Disse Cort. - E nem você. Eu te ensino por que acho que devo, e vou ensinar Aileen por que ela não tem mais família e precisa saber se defender. Os dias estão complicados, gusana. E não faça perguntas.
“Você vai ajudá-la em tudo o que deve aprender, entendido?”
Relutante, Merry Smithson assentiu longamente.
- Como quiser, sai.

...

Algum tempo se passou desde aquela prova que teve na frente dos garotos. De fato, atirava desde antes deles, Cort se encarregara de ensiná-la particularmente. Mas Merry Smithson estava se sentindo feita de idiota. Ela ouvira nitidamente as palavras “não, você não pode.” Depois ele a ensinou a atirar. O que ele queria?
Mas Cort não se sentia muito melhor. Sua consciência sabia que ele falara para Steven Deschain que não treinaria a garota, somente para que ele não vetasse sua estada em Gilead, mas no fundo falava e agia como representante do Ka. O que poderia ele, então?
O Dihn, pai de Roland, estranhara um pouco, mas por fim consentira que Merry Allice, algumas vezes, fosse ao gramado atirar com os garotos. Não era uma coisa que acontecia sempre e, quando acontecia, tinha que ser daquele jeito desastroso.
E ainda por cima, seu colega não queria mais conversa com ela. Nem teve tempo de apreciar o sucesso, de sentir orgulho de si mesma. Preferia nunca ter acertado o crânio, e ainda ter a amizade de Cuthbert.
A origem disso tudo estava no fato de que sempre se considerou uma peça meio errada no jogo, uma peça que não devia estar jogando ou que, pelo menos, jogasse na posição certa.
E mulheres eram assim. Sempre preocupadas com a felicidade alheia.
Mulheres eram assim, com ou sem armas nas mãos.
Ainda não conseguira sair de uma aula de tiro sem que seus ombros doessem por causa do tranco dos disparos e da força que usava para contê-lo e manter o revólver certeiro. Mas estava indo muito bem.
Muito bem.
O ciúme de Merry passou rapidamente, pois crianças tão pequenas esquecem as coisas com facilidade, na eminência de brincar. Fez amizade com Aileen, e a aceitou como uma irmã. Tinha dois irmãos, agora.
A sobrinha de Cort aprendeu a atirar com uma facilidade espantosa; talvez o fato de ver Merry tão habilidosa tenha despertado nela o desejo de se equiparar, talvez tenha sido a vontade de impressionar o tio. No fundo, e somente sua irmã sabia, ela tinha o desejo tomar o cajado de Cort e receber os revólveres. Mas o desejo era genuíno; não como Merry, que acabaria sendo por conta do Ka.

...

- Como é ser filha de um pistoleiro de verdade? – Perguntou Aileen, um dia pela manhã, enquanto estavam paradas ao lado de uma cerca que dividia os gramados, observando os garotos de longe.
- Sei lá. – Nunca tinha pensado nisso. – Acho que se eu fosse uma pessoa normal seria diferente. Eu teria aprendido a bordar, acho. E talvez estivessem acertando para que eu casasse com algum deles. – Ela apontou para os gusanos ao longe.
Aileen, que estava sentada sobre a cerca olhou.
- Acho que eu casarei com Roland...
Merry a encarou.
- Sério? Como você sabe?
- Ouvi tio Cort conversando com alguém. Talvez fosse o próprio... – Ela pensou. – Pai dele. - E fez com a cabeça na direção de Roland.
- Nossa. – Surpreendeu-se a garota de cabelos claros. – Você vai ser esposa do Dihn...
Aileen esboçou um sorrisinho tímido, porém triste.
- Acho que sim...
Merry Allice ficou olhando para a amiga, e começou a sorrir também.
- Acho que você é bem a favor, né? – Perguntou.
- Ah... Até sou... – Respondeu. – Eu gosto bastante do Roland... Mas eu não sei se quero ser uma daquelas mulheres da corte que usam vestidos e passam o dia inteiro penteando os cabelos.
Merry riu e pensou. Tinham desejos diferentes, e futuros diferentes. Aileen queria crescer e lutar, mas teria que se casar com Roland Deschain, filho de Steven Deschain, Dihn de Gilead. Já ela própria queria ter a certeza de ter um futuro. Queria ser pistoleira como o irmão, mas já sabia que não deixariam que fosse. Mas não ia casar, tampouco, pois não era uma garota dessas que casam.
Olhou para os garotos mais à frente, quando o som de um disparo chamou sua atenção, e ficou a observar. Como eles eram bobos, todos eles. Principalmente o dos cabelos compridos. Como tinha vontade de puxá-los com força.
- Mas seu pai nunca falou nada sobre isso com sua mãe, ou com alguém? – Perguntou Aileen, trazendo-a de volta à cerca. – Sobre casar?
- Ah, não... – Merry pareceu sem-graça.
- Por que, veja – continuou Aileen, - tem muitos garotos da nossa idade ainda. Alain é seu irmão, e Roland possivelmente já está ‘comprometido’, mas ainda tem Jamie... Ou Cuthbert.
- Ah, não! Muito obrigada! – Disse Merry. – Jamie ainda vá lá, mesmo com aquele negócio no rosto, mas Cuthbert, não.
- Por que não? – Perguntou. – Ele é bonitinho.
Merry olhou para o gramado adiante, e sentiu raiva de Aileen. A amiga percebeu vendo sua expressão mudar, tanto que não falou mais.
- Desculpe.
- Tudo bem.